Documentos obtidos pelo Wikileaks revelam que os Estados Unidos já têm uma acusação selada contra o fundador do site, Julian Assange. As intenções foram descobertas em janeiro, graças à divulgação de mensagens da caixa de e-mails de Fred Burton, presidente da companhia de espionagem Straffor.
Segundo o jornal espanhol Público, que revelou a história - repercutida pelo Opera Mundi -, em uma troca de e-mails de 26 de janeiro Burton revela que os EUA emitiram um mês antes uma ordem secreta para prender Assange, sob acusação de práticas de espionagem.
O ativista australiano está em Londres, no Reino Unido, onde se refugiou junto à Embaixada equatoriana para não ser extraditado para a Suécia, em que é acusado de ter cometido delitos sexuais. O temor de que de lá ele poderia ser mandado aos EUA por ter divulgado documentos secretos do país fizeram com que o Equador concedesse asilo político.
Assange já afirmou que pretende responder à Justiça sueca, desde que não haja extradição para os EUA. O ativista sustenta que as acusações sexuais são apenas um artifício para tirá-lo de circulação, pois o trabalho do Wikileaks é ameaçador a diversos governos.
Uma das interceptações do site divulgadas pelo Público revela Chris Farnham, membro da Straffor na China, desmentindo um dos supostos estupros. No e-mail, ele diz ser conhecido de alguém próximo à família de uma das acusadoras e que "não há nada por trás disso, são os promotores querendo fazer nome".
"Meu amigo fala de forma bastante depreciativa sobre a garota está alegando abuso sexual", diz. "Eu também acho a coisa toda do estupro incorreta, pois se eu me lembro corretamente, estupro nunca foi a acusação."
Em outro vazamento, o analista tático Sean Noonam questiona a rapidez do envolvimento da Polícia Internacional. “Questões de crimes sexuais raramente geram alertas especiais da Interpol”, afirmou ele, segundo o qual isso “não deixa dúvidas de que se tenta impedir a publicação dos documentos do governo pelo Wikileaks".